quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Conhecendo Baudrillad e Virilio

Na uc Educação e Sociedade em Rede, do mestrado em pedagogia do elearning (UAB), foi proposto que conhecêssemos um pouco sobre dois importantes autores franceses:

    • Jean Baudrillard - 1929 - 2007
    • Paul Virilio - 1932

Ambos falam a respeito das influências das tecnologias no mundo de hoje. Apesar das controvérsias, o primeiro é conhecido por seu olhar mais positivo sobre as tecnologias, enquanto o segundo seria um crítico mais atento aos seus problemas e riscos. 

Baudrillard defende que a realidade virtual tornou-se hoje mais poderosa e atraente do que a própria realidade. A observação direta dos fenômenos visíveis vem sendo substituída pela teleobservação que, apesar de atrativa, tantas vezes mascara o real. Como exemplos desse mascaramento das notícias e informações divulgadas, podemos citar o sensacionalismo, a edição de imagens e/ou a manipulação das informações de acordo com visões políticas, pessoais, etc. Além disso, essa ausência da percepção imediata da realidade concreta pode gerar um desequilíbrio entre o sensível e inteligível, o que também contribui para o surgimento dos erros de interpretação.

Segundo o autor, a realidade virtual é construída (hiper-realidade) e os mídias são seus principais representantes. Imagens e símbolos ganham imenso destaque nesse novo mundo, que não objetiva ser uma imitação da realidade concreta, mas sim uma nova realidade. A esse fenômeno, o autor dá o nome de "simulacros". 

A simulação (do real) e os simulacros, impulsionados pelo crescente uso das tecnologias, adquiriram importância e poderes tão amplos no mundo atual que proporcionaram a ruptura com o real e, até mais que isso, a perda do real.

Nessa teoria, as tecnologias são reconhecidas como extensões do homem e permitem a eles viver esta hiper-realidade de forma a ampliar suas possibilidades e experimentá-las com imensa rapidez. A velocidade das informações e acontecimentos é intensificada pelas tecnologias, que também intensificam as incertezas.

Virilio, por sua vez, não concorda com essa ideia de ruptura ou perda do real. Para ele, o real persiste e as novas tecnologias são construídas em relação com o antigo e não como rupturas.

A era da informática, porém, apresenta riscos para a realidade concreta, pois altera as noções de tempo e espaço, além de apresentar uma quantidade de informações exagerada. A isto associa-se a rápida velocidade das mesmas informações e dos acontecimentos, fato que sobrepõe o agora/momentâneo ao historicamente construído. Neste sentido, as tecnologias fragmentam a realidade e tornam-se nocivas à reflexão aprofundada e à compreensão global/sequencial/histórica de assuntos e experiências. Com isso, o homem perde algumas de suas capacidades mais importantes, o que leva Virilio a enxergar a tecnologia como desumanizadora.

Sua teoria defende que a transição da experiência real e física para a virtual abala a verdade, o significado e a validade da mesma. A percepção concreta e real é perdida quando o contato entre sujeito e objeto se dá através das tenologias.

O autor estabelece relações entre a organização e funcionamento das relações e informações na realidade proporcionada pelas tecnologias e em uma realidade concreta, por ele representada pela cidade. A partir destas comparações, Virilio busca fundamentar sua visão de que as alterações nas noções de tempo e espaço, juntamente com o excesso de informações proporcionadas pelas tecnologias, é prejudicial para o homem e para sua realidade concreta.




Referências:

VIRILIO, Paul. O Espaço crítico. Tradução Paulo Roberto Pires. 1. ed. Rio de Janeiro:
Editora 34, 1993. 160 p. 

BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e Simulação. Lisboa: Antropos, 1991.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Baudrillard
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_Virilio
http://pedadogiaelearning.blogspot.com.br/2010/04/baudrillard-e-virilio-breve-introducao.html
http://www.efdeportes.com/efd64/virtual.htm
http://enculturation.net/4_2/beard-gunn/computer.html
http://www.uta.edu/huma/illuminations/kell29.htm



sábado, 20 de dezembro de 2014

Apresentação Siemens

Estou cursando o Mestrado em Pedagogia do Elearning, na Universidade Aberta de Portugal (UAB). Como atividade para a UC Modelos de EaD, eu e meu grupo desenvolvemos uma apresentação sobre George Siemens e o conectivismo. Ela está disponível no slideshare. É só clicar abaixo:

Apresentação Siemens e o Conectivismo

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Cibercultura - Pierre Lévy




Pierre Lévy. Grande nome no estudo das tecnologias e seus impactos culturais e sociais. Quer dizer, "impacto" não é uma palavra que este autor aprecie muito. Na verdade, o termo é por ele condenado no que diz respeito ao desenvolvimento das TICs, das culturas e sociedades. Para Lévy, o emprego da palavra "impacto" coloca a tecnologia como algo à parte da realidade existente, algo que se choca com ela,  que surge por si só e adentra um contexto estranho alterando-o. Essa visão não condiz com a realidade, uma vez que as TICs são produto desta mesma sociedade e cultura que ela altera. Não há passividade neste processo e nem determinação. O termo "condicionante" seria mais apropriado ao falarmos de tecnologias, uma vez que estas, juntamente com as pessoas, idéias e comportamentos, se transformam conjuntamente, um interferindo no outro e sendo também interferido.

Estas são apenas algumas das reflexões apresentadas pelo autor em seu livro Cibercultura, escrito em 1997 e traduzido para o português em 1999. 

A leitura é recomendada tanto para leigos quanto para especialistas na área. Aos primeiros, fica a introdução ao assunto de forma bem explicada, com definições de termos importantes, exemplificações e questionamentos que levam à reflexão. Aos últimos, faz-se necessário o conhecimento de tão renomado autor e sua obra, bem como a reflexão mais aprofundada das questões por ele levantadas, além do entendimento do que estava sendo discutido sobre TICs mais de quinze anos atrás. O que mudou? O que se mantém? O que já foi contornado? O que ainda é foco de atenção?

Inúmeros conceitos são explicados por Lévy. Dentre eles, o que é virtualização ou desmaterialização, interatividade, mídia e multimídia, hiperdocumentos, inteligência coletiva, entre outros. Aqui interessam dois conceitos principais:

  • Ciberespaço - ou "rede", é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial de computadores. Refere-se à infraestrutura material da comunicação digital, ao universo oceânico de informações que ela abriga e aos seres humanos que navegam e alimentam tal universo.
  • Cibercultura - conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço.

O autor confessa ter um olhar otimista sobre a Internet, o que não significa que ele não reconheça alguns de seus problemas. Muitos pensadores questionam o caráter "livre" e "democrático" da Internet, uma vez que ela não é isenta de interesses políticos e econômicos e seu acesso ainda é restrito a uma determinada parcela populacional. Ainda que tais argumentos sejam verídicos, Lévy diz que isso não constitui razões suficientes para colocar-se contrário à Internet, uma vez que toda nova tecnologia cria seus excluídos. A mais sábia opção, portanto, parece ser a de tirar o melhor proveito dos benefícios proporcionados pelas TICs existentes ao invés de "remar contra a maré".

Outro dado mencionado no livro é que aqueles que estão excluídos do ciberespaço e da cibercultura por pertencerem a classes mais baixas não são os principais críticos de todo este cenário. De fato, os que se demonstram mais avessos ao exponencial crescimento e desenvolvimento das TICs são aqueles que vêem seus próprios interesses políticos e/ou econômicos ameaçados. Trata-se então de uma batalha de interesses mais do que uma batalha por uma causa nobre de igualdade social. No entanto, apesar dessa informação ser interessante, ela merece uma análise cuidadosa, pois, ainda que as classes mais baixas e sem acesso ao ciberespaço não sejam suas principais críticas, elas são sim prejudicadas por sua não inserção e por vezes sofrem do sentimento de desqualificação e incompetência frente às novas tecnologias. Aqueles que não participam de ciberespaço e da cibercultura estão fora de um universo em expansão e tendem a tornarem-se obsoletos ou inúteis. Como exemplo, podemos citar o desaparecimento de algumas profissões não mais necessárias após o avanço das tecnologias e o nascimento e urgência de novas profissões que atendam ao mercado em constante transformação. Há também aquelas profissões que não sumiram, mas sofreram alterações e a incorporação das TICs fez-se necessária. Neste sentido, sinto-me confortável para citar minha própria profissão. Sou professora e percebo a exigência e expectativa sobre mim quanto à utilização das novas tecnologias. Isso não acontece apenas por parte das instituições para as quais o professor trabalha, mas também por parte dos próprios alunos que já demonstram notável desinteresse por muitas das técnicas tradicionais de ensino, além de grande familiaridade com a internet e seus recursos. O livro didático ainda possui sua riqueza, mas não motiva e não atrai tanto quanto os jogos e outros recursos digitais. Com isso não quero dizer que tudo o que foi desenvolvido no passado não seja mais útil, apenas acredito que seja preciso inovar, usar de outra forma, usar em conjunto com outras técnicas que sejam mais compatíveis com o contexto de vida dos aprendizes de hoje.


Lévy dedica a terceira parte de seu livro aos problemas associados à Internet e às TICs. Nessa parte, ele apresenta suas respostas a críticas frequentes, a citar a cibercultura como fonte de exclusão social, o ciberespaço como ameaça às línguas e culturas, ao caos e possível perda de valores relacionados à cibercultura. Ainda que discuta cada item com notável sobriedade, o autor mantém sua posição otimista frente às TICs. Como fora acima mencionado, ele defende que qualquer avanço nos sistemas de comunicação acarreta exclusões e a internet não estaria sendo inovadora neste sentido. Quanto à crítica da ameaça às línguas, aceita-se o fato de ser a língua inglesa a língua padrão da rede, mas isso não significa um domínio cultural dos Estados Unidos. Pelo contrário, a rede favorece o fim dos monopólios de expressão pública, a variedade dos modos de expressão e o desenvolvimento das comunidades virtuais e dos contatos interpessoais a distância por afinidade, criando no ciberespaço uma diversidade cultural. E, ainda que haja o referido "caos" de informações, é possível encontrar fontes confiáveis.

A leitura trouxe contribuições importantes para a compreensão das TICs, do ciberespaço, da cibercultura e como tudo isso funciona em associação a pessoas, ideias, interesses, culturas, etc. Ficaram alguns questionamentos, que buscarei esclarecer ao longo do meu percurso profissional, e uma curiosidade pulsante específica: como Lévy escreveria o mesmo livro se fosse publicá-lo hoje?

Cibercultura foi escrito em 1997. Lévy falou sobre interatividade, inteligência coletiva e comunidades virtuais, mas não havia vivenciado ainda um momento marcante para a Internet, para as TICs, para o ciberespaço, cibercultura e para o mundo em geral: o boom da web 2.0, das redes sociais e dos dispositivos móveis (smartphones). Se fosse escrito hoje, um livro com tais ambições não poderia jamais excluir de seus conteúdos esses fenômenos. Em pleno 2014 podemos apoiar-nos em muitas das contribuições de Lévy sobre cibercultura presentes na mencionada obra, mas, certamente, precisamos acrescentar muito mais conteúdos àquelas reflexões. O próprio autor possui trabalhos mais recentes, desenvolvido no cenário atual com as novas tecnologias. Fiquei instigada a ler mais e descobrir como ele encara tudo isso.


Seguem abaixo alguns exemplos de cibercultura que são muito comuns hoje em dia:

  • Wikipedia: site que permite a construção coletiva de conteúdos para pesquisa
  • Facebook: rede social amplamente utilizada e que permite rápida interação entre seus usuários
  • Twitter: também é uma rede social, mas diferencia-se do Facebook por limitar o número de caracteres por postagem
  • Instagram: rede social baseada principalmente em imagens



Referência:

LEVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo, Editora 34, 1999 (versão traduzida)


Imagens:

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